quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Como escolher uma Prova?

     
É muito comum no mundo da corrida encontrar vários corredores com expectativas e níveis de exigências diferentes. Nesse universo tão diversificado, a escolha de provas ou competições também recebe influências diretas do perfil do corredor, que encontra nessas influências expectativas de desafios, auto-superação, avaliações de desempenho, etc.
     Faz parte do papel do técnico saber e poder auxiliar seu atleta na escolha da competição adequada às suas condições físicas, técnicas e psicológicas, com a retaguarda de logística que favoreça a conquista do resultado esperado.
     Isso porque, no pensamento simplista da maioria dos corredores, o ideal é sempre diminuir seu tempo para uma determinada distância, sem levar em consideração o modo de preparação para uma prova, as dificuldades, as vantagens e desvantagens existentes na prova e como isso poderá influenciar o resultado.
     Trabalhando com muitos corredores, presencio a necessidade dos atletas de estarem em competição para não perder a motivação em seu treinamento. Percebo que muitos são fascinados por quase todas competições e, ao invés de fazerem bom uso dessa experiência, como participar desses eventos, elas tornam-se um grande martírio, por não conseguirem alcançar em todas as provas, logicamente, resultados significativos. A explicação para isso é que, se fossemos melhorar sempre, nossos resultados pessoais tenderiam ao infinito, sem limites, onde todos se convergeriam para recordes e mais recordes.
     Esbarramos no limite do ser humano, de cada organismo, que reage afim de modo a colocar barreiras a possíveis "torturas" que criamos ao colocarmos nossos corpos voltados às conquistas almejadas. A grande maioria dessas barreiras são o aparecimento de dores, lesões, a "auto-enganação", que ocorre ao não assumirmos nossos limites e ficarmos sustentando outras justificativas, etc.
     Nosso trabalho valoriza a potencialização do ser humano, no sentido de correr em busca do rendimento respaldado em auto-conhecimento, em atitudes coerentes com nossos limites, seja do ponto de vista físico, psicológico, sócio-econômico, etc.
     Portanto, a escolha das provas a serem disputadas entra nesse contexto, tendo que ser validada por algum destes parâmetros que justifique tal competição.
     Por presenciar inúmeras provas, fica claro quando o nível de expectativas está coerente com a dedicação empregada para tal conquista. Precisamos sempre mostrar ao atleta a verdade do que esperar, racionalizar possíveis resultados e trabalhar de forma positiva com as respostas que poderão surgir, sejam as glórias de uma vitória ou as frustrações de uma derrota. Estar atento e tirar de cada resultado uma experiência de vida, algo a mais que possa influenciar outras condutas que não seja meramente esportiva, cria um diferencial no corredor.
     Valorizo quem corre por prazer, se a intenção é essa. Por trabalhar com competições, é claro que admiro muito os corredores que assumem a responsabilidade de vencer algum desafio e que se preparam para enfrentá-lo. O que me entristece é o corredor que fica no meio do caminho, sem saber qual é o seu foco no mundo da corrida. Não sente o prazer de correr livre, sem cobranças e também não lida bem com disciplina, com responsabilidade, com cobranças normais do treinamento para vencer os desafios.
     Podem ter certeza que a maioria dos corredores se encontram nesse meio do caminho. Achar um foco, fazer algo sério, é o que realmente falta para quem se sujeita a querer melhorar. Trabalhar com as reais necessidades de cada ser humano exige do técnico-orientador um certo "feeling" para poder ministrar algo que desperte vontade e aderência para se submeter a um programa dirigido.

Bons Treinos!!



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